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19 de fev. de 2010

Aconchego

Quando a morena deita
Feito passarinho,
Pra se agasalhar,
Pensa que meu colo é ninho
E deita de mansinho
Que é pra não me acordar.
Faço que estou dormindo,
Pois assim fingindo
Épra melhor sonhar...
Depois só ela sabe 
Que em meus sonhos vai estar.
Se meu coração falasse
E pudesse lhe dizer...
Ah! talvez que lhe contasse
Que ele quase para longe de você!...
Se meu coração parasse
E bater não pudesse...
Ah! talvez ressuscitasse
Se você chegasse
Pra me aquecer

H.Ibsen

Aprendendo a voar

Na distância,
Uma fita negra
Esticada ao ponto
De não ter mais volta.
Um voo de fantasia
Sobre o campo
Varrido pelo vento.
Ficando apenas
Meus sentidos
Ocilando numa
Fatal atração!
Me segurando firme.
Como posso escapar
Desse terrivel impulso?
Não consigo tirar meus olhos
Desse céu circundante...
A lingua presa e enrolada...
Só um desajustado
preso à terra...
Eu!

Ibsen

Eu queria ser esse vento...

Eu queria ser o vento...
Leve transparente, invadindo
a gravidade, de formato abstrato...
De conteúdo concreto.


Eu queria...
Ocupar espaço,
entrelaçar roçando arvoredos,
tocando o solo, deixando rastros
de folhas secas ao chão...


...Ser o vento,
que quebra o silêncio,
da noite, suporta o frio,
enfrentando o desconhecido...


...Vento
Ora do leste, ora do oeste,
de rumo confuso e destino incerto...
Embalando barcos nas marolas do oceano.

Eu queria ser o vento...
E subir alto e me apresentar ao sol
e dialogar com as estrelas...


Livre, com histórias pra contar,
sem pensamento racional,
sem conceito, sem moral...


Eu queria ser esse vento...




H. Ibsen

Conversão

 :)
Eu estava descrente e uma grande amiga apresentou-me à Jesus e eu, como todo homem pecador, pedi e fui atendido e abençoado com o amor, a compaixão e a misericórdia de Jesus. :)
Hoje sou mais feliz!!!!!!

Oração do perdão

Buscando eliminar todos os bloqueios
Que atrapalham minha evolução,
Dedicarei alguns minutos para perdoar.
A partir desse momento
Eu perdôo todas as pessoas que
De alguma forma me ofenderam,
Injuriaram,
Me prejudicaram
Ou me causaram dificuldades desnecessárias.
Perdôo sinceramente quem me rejeitou,
Me odiou,
Me abandonou,
Me traiu,
Me ridicularizou,
Me humilhou,
Me amedrontou,
Me iludiu...
Perdôo,
Especialmente,
Quem me provocou
Até que eu perdesse a paciência
E reagisse violentamente,
Para depois me fazer sentir vergonha,
Remorso e culpa inadequada.
Reconheço
Que também fui responsável
Pelas agressões que recebi
Pois, várias vezes confiei
Em indivíduos negativos,
Permitindo que me fizessem de tolo
E descarregassem em mim
Seu mau caráter...
...Agradeço de todo coração
A todas as pessoas
Que me ajudaram
E comprometo-me a retribuir
Trabalhando para o bem do próximo,
Atuando como agente catalizador
Do entusiasmo com as leis da natureza
E com a permissão de Deus que eu,
Efetivamente sinto como o único poder real
Atuante dentro e fora de mim.
Assim seja, assim é e assim sempre será.

7 de fev. de 2010

A lua que não dei...

A Lua Que Não Dei...

Compreendo pais - e me encanto com eles - que desejariam dar o mundo de presente aos filhos. E, no entanto, abomino os que, a cada fim de semana, dá tudo o que filhos lhes pedem nos shoppings onde exercitam arremedos de paternidade.
E não há paradoxo nisso. Dar o mundo é sentir-se um pouco como Deus, que é essa a condição de um pai. Dar futilidades como barganha de amor é, penso eu, renunciar ao sagrado.
Volto a narrar, por me parecer apropriado à croniqueta, o que me aconteceu ao ser pai pela primeira vez (Lá se vão, pois, 45 anos). Deslumbrado de paixão, eu olhava a menina no berço, via-a sugando os seios da mãe, esperneando na banheira, dormindo como anjo de carne. E, então, eu me comprometia, prometendo-lhe: 'Dar-lhe-ei o mundo, meu amor.' E não lhe dei. E foi o que me salvou do egoísmo, da tola pretensão e da estupidez de confundir valores materiais, com morais e espirituais.
Não dei o mundo à minha filha, mas ela quis a Lua. E não me esqueço de como ela pediu, a Lua, há anos já tão distantes. Eu a carregava nos braços, pequenina e apenas balbuciante, andando na calçada de nosso quarteirão, em tempos mais amenos, quando as pessoas conversavam às portas das casas. Com ela junto ao peito, entia-me o mais feliz homem do mundo, andando, cantarolando cantigas de ninar em plena calçada. Pois só a plenitude da felicidade um homem jovem poder carregar um filho como se acariciando as prórias entranhas. Minha filha era eu e eu era ela.
Um pai é sim, um pequeno Deus, o criador, e seu filho, a criatura bem amada.
E foi, então, que conheci a impotâcia e os limites humanos. Pois a filhinha - a quem eu prometera o mundo - ergueu os bracinhos para o alto e começou a quase gritar, assanhada, deslumbrada: 'Dá dá dá..' Ela descobrira a Lua e a queria para si, como ursinho de pelúia, uma luminosa bola de brincar. Diante da magia do céu enfeitado de estrelas e de luar, minha filha me pediu a Lua e eu não a pude dar.
A certeza de meus limites permitiu me criar um pacto entre pai e filhos: se eles quisessem o impossíel, fossem em busca dele. Eu lhes dera a vida, asas de voar, diretrizes, crença no amor e, portanto, estímulo aos grandes sonhos. E o sonho da primogênita começou a acontecer, num simbolismo que, ainda hoje, me amolece o coração. Pois, ainda adolescente, lá se foi ela embora, querendo estudar no Exterior. Vi-a embarcar, a alma sangrando-me de saudade, a voz profética de Kalil Gibran em sussurros de consolo: 'Vossos filhos não são vossos filhos, mas são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Eles vão através de vós, mas não de nós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. (...) Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.' Foi o que vivi, quando o avião decolou, minha criança a bordo. No céu, havia uma Lua enorme, imensa. A certeza da separação foi dilacerante. Minha filha fôra buscar a Lua que eu não lhe dera.
E eu precisava conviver com a coerência do que transmitira aos filhos: 'O lar não é o lugar de se ficar, mas para onde voltar.' Que os filhos sejam preparados para irem-se, com a certeza de ter para onde voltar quando o cansaço, a derrota ou o desânimo inevitáveis lhes machucarem a alma.
Ao ver o avião, como num filme de Spielberg, sombrear a Lua, levando-me a filha querida, o salgado das lágrimas se transformou em doçeira de conforto com Kalil Gibran: como pai, não dando o mundo nem Lua aos filhos, me senti arqueiro e arco, arremessando a flecha viva em direção ao mistério.
Ora, mesmo sendo avós, temos, sim e ainda, filhos a criar, pois família é uma tribo em construção permanente. Pais envelhecem, filhos crescem, dá-nos netos e isso é a construção, o centro do mundo onde a obra da criação se renova sem nunca completar-se. De guerreiros que foram, pais se tornam pajé. E mãos, curandeiras de alma e de corpo. É quando a tribo se fortalece com conselheiros, sérios que conhecem os mistérios da grande arquitetura familiar, com régua, esquadro, compasso e fio de prumo. E com palmatóia moral para ensinar o óbvio: se o dever premia, o erro cobra.
Escrevo, pois, de angústias, acho que angústias de pajé de ódio velho. A nossa construção hoje está ruindo, pois feita em areia movediça. É minúsculo o mundo que pais querem dar aos filhos: o dos shoppings. E não há mais crianças e adolescentes desejando a Lua como brinquedo ou como conquista. Sem sonhos, os tetos são baixos e o infinito pode ser comprado em lojas. Sem sonhos, não há necessidade de arqueiros arremessando flechas vivas. Na constrção familiar, temos erguido paredes. Mas, dentro delas, haverá gente de verdade?

Cecélio Elias Netto - escritor e jornalista.